Sorriso amarrado
No transporte público nada lotado, apenas com todas as cadeiras ocupadas e ninguém em pé, a mulher subia com uns quatro livros na mão e sorria para uma conhecida. Sorriso amarrado. Assim, só de lado.
Não sei porque achei aquilo tão interessante, confesso. O fato é que o sorriso amarrado ficou na minha cabeça.
Pouco depois, um rapaz fardado, assim como eu, esforçou-se para levantar da cadeira. Claro que era necessário esforço: a mochila realmente lhe era um peso "desequilibrante", eu diria. E ao terminar o feito, deu um sorriso amarrado para o nada.
Mais um.
Enquanto isso, eu, quieta na janela, por algumas vezes fechava os olhos e deixava o vento brigar com o meu rosto e com meus lábios. Os quais, aliás, não tinham sorriso nenhum. Não era um sorriso invertido =(, melado em lágrimas, nem era um sorriso. Não era nada. Pouco depois comecei a pensar que talvez também eu estivesse com um sorriso amarrado; pois não havia espelhos e não via meu rosto; apenas sentia a posição de cada coisa nele. E esse "sentir" é apenas uma impressão, muito vago e fácil de desmentir.
Talvez por isso o sorriso amarrado dos outros tocou-me tanto; inconscientemente. Talvez isso diga muito sobre mim, sobre todas as pessoas em quem notei o tal sorriso. Talvez cada um com uma interpretação. Mínima coisa, de três segundos e raramente mais. Máximo na cabeça de alguém.
Não sei porque achei aquilo tão interessante, confesso. O fato é que o sorriso amarrado ficou na minha cabeça.
Pouco depois, um rapaz fardado, assim como eu, esforçou-se para levantar da cadeira. Claro que era necessário esforço: a mochila realmente lhe era um peso "desequilibrante", eu diria. E ao terminar o feito, deu um sorriso amarrado para o nada.
Mais um.
Enquanto isso, eu, quieta na janela, por algumas vezes fechava os olhos e deixava o vento brigar com o meu rosto e com meus lábios. Os quais, aliás, não tinham sorriso nenhum. Não era um sorriso invertido =(, melado em lágrimas, nem era um sorriso. Não era nada. Pouco depois comecei a pensar que talvez também eu estivesse com um sorriso amarrado; pois não havia espelhos e não via meu rosto; apenas sentia a posição de cada coisa nele. E esse "sentir" é apenas uma impressão, muito vago e fácil de desmentir.
Talvez por isso o sorriso amarrado dos outros tocou-me tanto; inconscientemente. Talvez isso diga muito sobre mim, sobre todas as pessoas em quem notei o tal sorriso. Talvez cada um com uma interpretação. Mínima coisa, de três segundos e raramente mais. Máximo na cabeça de alguém.
Mas você já soltou um sorrisão espontâneo na rua ou no ônibus? As pessoas te olham estranho, como se você fosse meio doida.
Esse sorriso amarrado pelo menos nos dá certa privacidade...
Posted by Anônimo | 15 abril, 2007 20:52