quinta-feira, agosto 31, 2006 

"Não mais, Musa, não mais, que a lira tenho
Destemperada e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida."
............................................ Epílogo (Canto X) - Os Lusíadas - Luís de Camões

Nesta última parte da mais famosa obra de Camões, o eu lírico se mostra cansado. Cansado não pelo cantar em si, mas por "cantar a gente surda e endurecida".
Desestímulo. Desistência. Desânimo.
Quando a gente vê que fez algo em vão, a vontade é parar.
E quantas vezes as pessoas param, desistem...
Mas ô negócio difícil é POVO!
Costumo pensar que as pessoas sabem o que fazer. Você sabe o que é preciso pra que haja harmonia, e pra que as coisas dêem certo. Eu sei. Cada um de nós sabe. Mas o que ninguém sabe (e nem pode!) é assumir a responsabilidade de outros que fingem não saber o que fazer. Fazer as coisas dar certo não é algo que cabe a mim, ou a Gandhi, ou a você aí. Cabe a todos nós; cada um.

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Simone Weil

Fico triste toda vez que lembro que Santos Dumont suicidou-se porque viu o 14 Bis virar base pra uma máquina de arrancar fora vidas.
Toda vez que lembro de Einstein mostrando-se pacifista depois de dizer que E = mc.
Quando lembro que Simone Weil morreu após uma greve de fome, dizendo que seu alimento devia ser enviado à França.
Tantos revolucionários juntos não foram o suficiente pra fazer o mundo calar a boca e parar os passos num segundo e na outra hora falarem uma só língua e andarem numa só direção.
Mas esse mesmo teimoso mundo ainda não calou diversos revolucionários, que apenas são humanos.
Pena que esses humanos às vezes, muitas vezes, com o tempo, sentem-se como o eu lírico de Camões.
Cansados.
De garganta rouca.
E com vontade de ir embora.

quarta-feira, agosto 30, 2006 

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Estou abismada.
Pensando em absorções.
Já imaginou se tudo fosse visto como um só? Se bem que, na verdade, tudo já é um só. Gaia já é uma só. A gente, terráqueo, é que inventou essa história de individualismo. Mas que chato.
Estou pensando num céu bem azul, em ver as aves fazendo um triângulo no céu novamente.
Ou então um céu fechado pelas nuvens, chovendo, e ser beijada na chuva.
Dá vontade de fechar os olhos e descobrir nos meus planos uma série de coisas legais amanhã.
Mas hoje eu estive pensando em como somos complexos. Esperamos tantas, mas tantas coisas. E tememos tantas outras coisas... E, no meu caso, eu sinto a culpa disso... Parece que as setas apontaram pra mim quando perguntei de onde vinham tantas ansiedades.
Quis abrir os braços e agarrar um montão de coisas de uma vez só, mas eu nunca pude. Quantas pessoas já não o fizeram, conscientemente ou não? Esse mundo é paranóia demais, uma neurose só! É gente vendo assaltos na rua e na TV, gente perdendo empregos pra máquinas, gente lutando e se matando pra atingir "metas", gente perdendo a privacidade em nome da segurança... Tudo virou uma tremenda loucura! E se você não aprende a lidar com tudo isso, se você não se adapta, prepare-se para conhecer o fim!
O que é a derrota hoje?
O que a vitória hoje?
Autosuperação ou domínio? Vitória é mais uma conquista maquiavélica do que um novo recorde pessoal? Facilitamos o caminho que leva à frustração...
Uma palavra esconde uma mentira. "Liberalismo econômico" é um mercado de monopólio, o velho jogo de cartas marcadas? Não é uma grande contradição???
Eu quero agora um espacinho.
Pra ser por um momento uma pequenina admirando o céu.
Ou uma mocinha apaixonada num beijo na chuva.
Ainda quero sentir.

segunda-feira, agosto 28, 2006 


Olá, pessoal.
Já faz mesmo algum tempinho que não venho postar aqui.

No momento estou ouvindo Mediaeval Baebes (o melhor da música celta) e estava lendo sobre o próximo Sabath Wicca; o Ostara, que nesse hemisfério acontece no dia 21 de setembro.
E sabe, essa não é a primeira vez que eu vejo o cristianismo "fundir-se" na bruxaria.
Isso aí.
Mas é muita hipocrisia mesmo. Engraçado, né? Faziam churrasquinho das mulheres acusadas de feitiçaria, mas a Páscoa, o Natal, entre várias outras crenças e costumes são pura bruxaria. E pra piorar a situação, arraigou nos corações de várias gerações, até hoje as suas doutrinas, a ponto de alienar as pessoas e impedir que elas vejam quaisquer pontos além de suas crenças.
Isso é um prejuízo danado pra nós hoje.
Fico triste ao conversar com pessoas que, quando eu nem comecei direito a falar no assunto, já vão se benzendo e condenando.
Pergunto-me muitas vezes...
Por que esse não é um mundo de todos nós?
Se não fôssemos tão nacionalistas e orgulhosos de nós mesmos, tudo seria tão mais fácil, seria tão mais bonito...
Penso que não podemos permanecer assim, ou a próxima espécie a entrar em extinção somos nós mesmos. Não temos asas para voar, mas temos raciocínio pra pisar no chão como se estivéssemos voando. Mas olhe em volta, nós apenas afundamos!
Estes dias eu li muita coisa... Li sobre revoluções, culturas, guerras... E tudo podia ter tantas marcas de sangue a menos!
Inclusive na Revista Superinteressante desse mês, há uma reportagem que simula a Terra sem os humanos. Estima-se que em uns 5000 anos, este planeta estaria novinho em folha! O que significa que o Universo não precisa de nós, e sim o contrário. Se queremos mesmo sobreviver, façamos jus a isso...
Ou morramos como a covarde espécie que desapareceu do globo porque não foi capaz de conviver com seus próprios parentes...

Eu espero pra Terra:
DIAS MELHORES!

When the druid dream again, I will be prayin' behind him, please, please, see a new Era! And hearing the flaut's and bodhran's sounds, I'll dance for the better place coming soon... Welcome to paradise!

sexta-feira, agosto 04, 2006 

O que realmente é real?
O que é a verdade absoluta?
Durante séculos a "realidade" foi um mistério para a humanidade. E ainda o é.



A busca pela realidade: Racionalismo versus Empirismo

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Filósofos afirmaram que nossos sentidos não são capazes de perceber a realidade. Apenas a razão poderia "enxergar" essa realidade. Isso gerou um movimento, que ficou mais conhecido como Racionalismo. Esta corrente filosófica dava ênfase ao raciocínio lógico, ou seja; acima de tudo estava a razão e apenas esta poderia afirmar (por poder provar) o que é real. Um bom representante para este movimento foi o francês René Descartes (1596-1650). Sua obra mais famosa foi Discurso sobre o método; livro que tratava da razão e do pensamento humano como matemática; exato, sem dúvidas. Descartes defendia o ceticismo; o direito de duvidar de tudo que não fosse suficientemente provado. Ele também defendia que a cultura era inimiga da razão; ou seja, reconhecia que os traços culturais exercem forte influência sobre a população, que não consegue alcançar raciocínios fora ou contraditórios à sua cultura, limitando seu pensamento. Em meio a tamanho apego à razão, não é de admirar o quão o importante ele foi para a mais exata das ciências; a matemática. Seus cálculos serviram de base para outros famosos como Isaac Newton e Leibniz, além de ter contribuído em muito para a matemática moderna. É de Descartes a famosa frase cogito ergo sum (penso, logo existo), a qual afirmava que o ser humano em si provava sua existência por sua capacidade de pensar.


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Mas e as nossas experiências? Os nossos sentidos, a forma como recebemos as coisas de nada valem na busca pelo real? Para os empiristas, isso conta e muito. O Empirismo é uma corrente filosófica que defende que nossas teorias devem ter como base/fundamento as nossas experiências, nossa observação do mundo ao redor, ao invés da fé ou mera intuição. Novamente, vamos usar alguns representantes para melhor exemplificar o movimento. O inglês John Locke (gravura acima) é considerado "O empirista". É de Locke a teoria da Tabula rasa (em português, algo como "lousa vazia", que era a base do pensamento empirista. Reza a Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Tabula_Rasa) : "Para Locke, todas as pessoas ao nascer o fazem sem saber de absolutamente nada, sem impressões nenhuma, sem conhecimento algum. Então todo o processo do conhecer, do saber e do agir é aprendido pela experiência, pela tentativa e erro." Outros empiristas de carteirinha que merecem destaque: Francis Bacon, George Berkeley e David Hume.

Ambos os pensamentos demonstram a tamanha vontade do ser humano de exercer suas capacidades através da descoberta do que é real; separando-se a ilusão da verdade. Mas na verdade, o que é a verdade absoluta? Tanto tempo, na busca de algo que no fim das contas, nem sabemos o que é. O que é algo que absolutamente ninguém pode ver? Algo que não existe. É na falta desse personagem superior, capaz de enxergar uma realidade pura, a qual somos incapazes de sequer percebê-la é que muitos encaixam o velho personagem: Deus. Se houvesse essa condição, a verdade absoluta seria cabível. Portanto, não raro filósofos chegavam a afirmar que Deus era racional. Mas pense um pouco, novamente. O que é a verdade absoluta? Talvez essa verdade absoluta seja simplismente algo que os humanos idealizaram, mas que nem sequer sabem ao certo o que realmente é. E isso faz sentido? Sempre duvidar de tudo vale a pena? Onde isso vai levar, à verdade absoluta? Acredito que o ser humano é dotado de raciocínio não apenas para racionalizar todas as coisas ao seu redor, mas também a si mesmo, inclusive estabelecendo seus próprios limites e caminhos, a nível pessoal. Sejamos humanos, enfim...

quinta-feira, agosto 03, 2006 

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Satisfação em estabelecer novo contato!
Como vai?
Eu?
Indignada. Sério mesmo. Quer saber por quê? Se eu contar, acho que essa indignação vira transmissível.
Agora em outubro teremos eleições mais uma vez, certo?
Observe o contexto.
Ano passado, começamos a acompanhar cada capítulo do escândalo novelesco do famosíssimo "Mensalão". Tanto, mas tanto dinheiro público sendo disperdiçado e literalmente roubado atrás de faixadas de publicidade. Recentemente, o "esquemão das sanguessugas" tomou horas e horas, inúmeros flashes, entrevistas e vídeos além da atenção do país frente à TV; assistindo ser descaradamente roubados de novo.
Se eu parar de pagar as contas, me cortam o telefone, a água, a energia elétrica...
Eu pago tudo direitinho, e eles podem à vontade parar de cumprir com seu compromisso (ou nem sequer começar!). Que desordem, não é mesmo?

Mas bem pior que isso, é a cara-de-pau.
Põe cara-de-pau nisso, madeira cerejeira da boa que não quebra nunca, cupim nenhum corrói. Porque a cara não cai. É persistente, e como!

Exemplificando: eu estou aqui sentado frente à TV, com o prato na mão. De repente, me engasgo ao ver os milhões que o José roubou de mim e de toda a minha família; o povo brasileiro. Nos intervalos do noticiário, lá está o José! Dizendo energicamente "vote em mim, e faremos juntos um país melhor e mais justo". Meu Deus. Maldita cara-de-pau!

Na verdade eu me pergunto o que é pior: a cara-de-pau do José ou a "sem-vergonhisse" do povo que viu a mesma coisa que eu, mas vai lá no dia da eleição, e reelege o José. Poupe-me desse absurdo. O problema não é a massa de malditos corruptos na nossa política. Não é o imperialismo bem-sucedido das "grandes potências capitalistas". O problema é que nós não fazemos nada. Ficamos presos a essa vidinha individual, deixamos acontecer demais. O povo não tem voz porque simplesmente não quer. Não tem espaço, não tem vez, mas quer tais coisas? Então crie! Ou quanto tempo vamos mesmo agüentar calados; engolir todos os sapos q tentam enfiar garganta adentro?

Infelizmente, uns poucos, sozinhos, não chegarão a lugar nenhum. Precisamos de mais pessoas conscientes; um país não é feito de um grupo, mas de uma população. 107 milhões de pessoas, e não dez. Precisamos de um país que dê mais atenção à educação, já chega de trevas e sombras! Já está mais que na hora de enxergamos o que está havendo e fazer algo a respeito! Enquanto não estivermos todos juntos, tentar "mudar o mundo"será tão inútil quanto dar um murro na parede. Proporcional à força que aplicamos, receberemos de volta da parede força, que vã, apenas causa a dor. Ninguém é "Hulk" pra demolir a muralha da China sozinha. Então ou estamos todos juntos nessa, ou pode esquecer os sonhos de mundo melhor...

quarta-feira, agosto 02, 2006 

Os céus estão limpos por aqui.
Nenhuma nuvem passa, o céu está bem azul mesmo.
E a gente nem nota mais os dias, porque eles parecem iguais. Perco as contas de quantas vezes, vi os dias tão invejosos que imitam exatamente uns aos outros.
Mas onde está o movimento?
A vida não é uma mera descrição, certo? Pois nós não apenas vemos; nós agimos, sentimos, interagimos com o ar, com a terra que afunda quando caminhamos, a porta que abrimos ao entrar. Nós somos movimento!

Ao mesmo tempo, eu encontro tantas pessoas com a tristeza estampada no rosto...
Tantos que reclamam da monotonia. E eu mesmo de vez em quando me pego manifestando esse mal...
Isso porque nós perdemos a admiração pelas coisas, infelizmente.
Mostre a um bebê um cachorrinho. Diga pra ele que é o "au au". A criança, de olhos arregalados no bichano, capta a imagem dele. Da próxima vez que ela achar um cachorro, inquieta, vai apontar, dizendo energeticamente "au au! Au au!", enquanto você, achando que ela vai cair do carrinho, tenta a acalmar, e nem liga. Talvez você diga a si mesmo "aquilo é só um cachorro mesmo...".
Veja que nós já não estamos tão propícios a surpresas. A gente acostuma fácil demais.
E acostumar assim não é bom, perdemos a capacidade de observar, e tudo vira monótono rapidinho.

Esses dias experimentei uma sensação diferente.
Voltei às aulas, e tudo parece bom demais. Se o dia não deu certo, se a noite está um saco, basta ir dormir, e quando eu acordar, eu terei que sair de casa, hora de ir pra escola! Isso não é um máximo?
Ver todos os amigos. Ter o carinho e a companhia deles todo dia.
Nós amamos muito todos eles, às vezes até mais do que nós mesmos imaginamos. Mas a rotina acostuma, e aí vem aquela história, perdemos a capacidade de admirar.
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Quantas vezes você já leu por aí que a felicidade está nas coisas mais simples? Com certeza, isso não é novidade. Mas que tal tentar fazer isso?
Tente recuperar a sua capacidade de admirar.
Observe mais.
Viva melhor cada momento, desfrute mais.
Muitos filósofos falam disso, de não perder a admiração. Afinal, isso é essencial para o exercício da razão que você tem. É, e não pense que filosofar é coisa para os nerds. É coisa pra quem quer aproveitar os bons recursos que têm. Que valeu um quilo de ouro pra alguém que morreu e nunca o usou?
Absolutamente nada.
Faça valer a pena, tudo. O simples, o chato, o difícil. Um abraço, uma aula, uma sentença, um elogio.
Conjugue o verbo viver fora das gramáticas!

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