100 Maneiras de Fugir

O que é arte para você?

Acha que o desenho de uma famosíssima marca de sopa é arte?
Dando mais uma forcinha à popularidade que já tinha na sua época, anos depois surge um "quadro" com várias cores em Marilyn Moroe, e ela vira, mais ainda, um ídolo. Pop.
Andy Warhol diria que isso é arte.
Afinal, ele é praticamente o cabeça dessa história toda, de pop art.



Há pouco tempo atrás, a Europa havia vivido um momento artístico bem diferente. Desde o final do séc XIX até boa parte do começo do séc XX, o modernismo e a famosa vanguarda fazia uma arte que gritava, protestava, chorava, apelava, e impressionava. Altamente crítica e inovadora, foi um choque pra muita gente e motivo de suprema admiração pra outro monte de gente. E ainda tem os que, como eu, continuam a admirar tudo isso.

Porém, como a arte sempre esteve ligada ao setor econômico (basta observar no curso da história: quando um país encontrava-se estável, as artes eram financiadas e este virava até modelo para outras nações, como o que aconteceu na Itália, na França etc) o constante avanço do capitalismo e a dinamização da indústria (Ford, Frederick Taylor e cia.), a "arte" seguiu o percurso. A arte continuava imitando a realidade. Por exemplo, nas sopas Campbell's e na representação de Marilyn Moroe, ainda havia criação. Mas era uma máscara, apenas. A pop art não visava criticar, não queria chamar atenção de ninguém. Só existe. Acho que é um completo contraposto ao dadaísmo; que punha mictórios em exposições de arte, mas QUERIA chocar, impressionar. Pop art, não.

Andy Warhol, principal produtor, mentor e defensor da Pop art, designava bem o que ela era: a perfeita representação do pós-moderno, do superficial, individual e virtual. Uma época onde o que vale é o bem estar próprio.



E não podemos esquecer da realidade pop: a levianeidade (o caráter passageiro). A música que passa uns meses tocando em todas as rádios estoura o máximo que pode pra depois, como uma bomba mesmo, desaparecer. Por isso, não é de admirar que Warhol tenha dito sobre si mesmo: "Eu sou uma pessoa profundamente superficial."
. Não é o que se vê hoje? Nós vivemos o pós-modernismo não sei até quando, mas é uma maldita realidade. Outdoors; moda outono-inverno, primavera-verão, mudando a cada seis meses; arquitetura... Cultura pop em tudo quanto é lugar.

Warhol também se envolveu no cenário musical. Do jeito dele, fez "arte" o quanto podia. Velvet Underground, banda de rock dos anos 60 da qual Andy foi "o mentor intelectual" (expressão usada pela Wikipedia), diferentemente da época de seu lançamento ainda é idolatrada por fãs de rock no mundo inteiro. O primeiro álbum, Velvet Underground and Nico, tinha na capa o desenho de uma banana. Pop art puro. Seu conteúdo, para a época, era bem assustador. Num único trabalho, falaram das coisas mais vistas como "marginalizadas" pela sociedade: homossexualismo, drogas, sadomazoquismo, ocultismo etc; daí o porque, na época, não vendeu muito.



Porém, reza a lenda, quem ouviu o cd, formou banda e fez sucesso. Entre as vítimas de tão forte influência: The Stooges (Iggy Pop, lembra?), David Bowie, Joy Division e até Nirvana.
Vou terminar este artigo perguntando pra você novamente: o que é arte para você? Acha que Pop art está valendo? E já que falei mesmo de Velvet Underground, vou deixar pra você um vídeo, "Femme Fatale", na voz de Nico. Minha faixa favorita do álbum da banana pop art. A voz dela cheira nostalgia; sinto-me como se tivesse acabado de sair da frente da tv depois de ver um memorial de alguns poucos anos do fim da segunda guerra mundial. A música fala, em tempos de recente feminismo, do poder feminino: uma "fêmea fatal", capaz de render um homem e fazê-lo de tolo. Não que eu concorde com isso, mas ver uma mulher falar em dominar um homem num mundo ainda beeeem machista, é, no mínimo, inusitado, e, conseqüentemente, interessante. =)