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sábado, janeiro 20, 2007 

Superavôs

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Cangaceiros e mulheres - Candido Portinari

Ah, meu Ceará...
Lembro de como eu achava chato História do Ceará. Vejo hoje como isso é absurdo! Gosto tanto de cultura e rejeito a do lugar onde nasci? Bom, que bom que eu já mudei de opinião.
Ontem mesmo estava comentando com ele. Relembrei as histórias que meu pai contava sobre a sua família. Lembro que meu pai dizia que meu bisavô (mesmo em plenos anos 70) ainda andava de facão e armas nas calças. Dizia ser cangaceiro. E ai de quem mexesse com ele! Minha bisavô (que cheguei a conhecer, faleceu perto de uns 90 anos) tinha pele clara e olhos azuis, e desprezava meu avô, moreno.

Mesmo que eu nem passe nesse IMPARH. Eu aprendi um montão de coisa, e isso já valeu. Valeu mesmo tudo que estudei.

Engraçado essa história de cangaceiro. Tenho 3 visões sobre eles: (1) a dos livros de história, (2) a da literatura (exemplo: Auto da compadecida, de Ariano Suassuna, que já li mais de duas vezes) e (3) a das histórias da minha família. Meu avô materno, ex-militar, mais conservador, já diria outra coisa sobre os cangaceiros. Diferente do que meu pai diz.

Mas sei que é muito legal ver a história viva. Senti-la. Você finalmente se dá conta do seu lugar na história. É uma sensação muito boa.

Ao mesmo tempo, são lembranças ruins.
Um Ceará miserável, pobre, sofrido. Os coronéis por aqui nem tinham dinheiro: só terras, poder e apoio das oligarquias. Se eles não eram la tão ricos assim, imagina o povo mesmo. Viviam morrendo de medo dos coronéis, de perder o pouco te terra que tinham. De perder a vida.
Restou a voz.
Que tantas vezes foi silenciada, mas uma hora ecoou, voou, e todo mundo ouviu. O Ceará foi o primeiro estado a abolir a escravidão (25 de março de 1884). Patativa do Assaré mal sabia ler e ganhou destaque no mundo à fora pela poesia. Rachel de Queiroz, em O Quinze retrata o desespero do retirante durante a seca.

É, a gente sofre.
Eles sofreram, aliás.
E quando paramos de sofrer no corpo, somos silenciados pela ideologia pós-modernista?
Não podemos calar-nos. Por todos que sofreram antes de nós... Não podemos.
Não é?

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