Síndrome infantil do pós-tv
Onde eu vou estar segura?
Na barriga da minha mãe (no útero, né?)... Uma hora eu fico grande demais pra caber...
A 30.000 pés, na janela do avião? ... Ele pode cair, meu enterro vai aparecer na TV e meus amigos serão filmados sem sorriso algum.
Num ônibus? ... Mas ele pode virar, bater em algum animal na estrada, o motorista pode encher a cara.
Em casa? ... Eu posso brigar com a família, podem invadir lá em casa, roubar tudo e quebrar o que sobrar.
Debaixo da ponte? Pode vir um terremoto e derrubar tudo.
Na praia? Pode vir uma tsunami.
Na lua? Uma hora meus cilindros de oxigênio vão esgotar. A nave pode quebrar. A comida vai faltar.
No banco de madeira dessa praça? Se eu ficar aqui, vou estar no meio da rua, porque sou pequena, mas não como cupim, pra penetrar na madeira.
E no meio da rua? Ta doido? Vou ser atropelada, roubada, estuprada e ainda cortada em pedacinhos... Vi na TV que isso acontece na rua, e meu pai me disse!
Pra onde eu vou, céus?
Já sei! Pro meu mundinho na minha mente!
Mas uma hora eu vou ficar com depressão profunda, completamente debilitada por ficar reclusa a um mundo irreal.
Pra onde a gente vai, ein? Pra onde eu, com esses meus 8 aninhos de idade, vou? O que vou ser quando eu crescer (se é que eu vou ser, ainda)? Eu já sei. Vou voltar pra casa e comer bolinhos no jantar e parar de pensar nisso, se não fico doida.
imagem: Pelicanh/Deviantart
Na barriga da minha mãe (no útero, né?)... Uma hora eu fico grande demais pra caber...
A 30.000 pés, na janela do avião? ... Ele pode cair, meu enterro vai aparecer na TV e meus amigos serão filmados sem sorriso algum.
Num ônibus? ... Mas ele pode virar, bater em algum animal na estrada, o motorista pode encher a cara.
Em casa? ... Eu posso brigar com a família, podem invadir lá em casa, roubar tudo e quebrar o que sobrar.
Debaixo da ponte? Pode vir um terremoto e derrubar tudo.
Na praia? Pode vir uma tsunami.
Na lua? Uma hora meus cilindros de oxigênio vão esgotar. A nave pode quebrar. A comida vai faltar.
No banco de madeira dessa praça? Se eu ficar aqui, vou estar no meio da rua, porque sou pequena, mas não como cupim, pra penetrar na madeira.
E no meio da rua? Ta doido? Vou ser atropelada, roubada, estuprada e ainda cortada em pedacinhos... Vi na TV que isso acontece na rua, e meu pai me disse!
Pra onde eu vou, céus?
Já sei! Pro meu mundinho na minha mente!
Mas uma hora eu vou ficar com depressão profunda, completamente debilitada por ficar reclusa a um mundo irreal.
Pra onde a gente vai, ein? Pra onde eu, com esses meus 8 aninhos de idade, vou? O que vou ser quando eu crescer (se é que eu vou ser, ainda)? Eu já sei. Vou voltar pra casa e comer bolinhos no jantar e parar de pensar nisso, se não fico doida.
imagem: Pelicanh/Deviantart
Isso me lembrou um texto da Clarice Lispector que li hoje. Trechinho:
"Olhe para todos ao seu redor e veja o que temos feito de nós.
Não temos amado, acima de todas as coisas.
(...)
Temos sorrido em público do que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos.
Temos chamado de fraqueza a nossa candura.
Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo.
E a tudo isso consideramos a vitória nossa de cada dia".
Triste... =/
Posted by Anônimo | 30 julho, 2007 19:28